quinta-feira, 23 de julho de 2009

Salada com Café: Episódio 8 - O Bigode da Mona

Sei que a atualização não anda como antes. A idéia inicial era semanalmente atualizar o blog. Entretanto, o que importa é ele estar vivo! Mesmo que respirando por aparelhos...

Hoje vale a leitura do pequeno artigo de Hélio Schwartsman, articulista da Folha de São Paulo, publicado ontem na Folha Ilustrada, que trata acerca desta loucura que é a era digital e a propriedade sobre bits.

Afinal, podemos ser donos de bits? Donos de uma carga elétrica que consiste na menor unidade de informacão que pode ser armazenada e transmitida?

Ora, se o futuro será ser dono de bits, já vou comprar 2 servidores para fazer minha "Chácara".

Ab
s.!

_______________________________________________________

Era digital torna difícil ser um liberal autêntico

HÉLIO SCHWARTSMAN
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

O que adquirimos quando compramos um livro ou outro bem cultural por vias eletrônicas? Tornamo-nos proprietários dos bits que o compõem ou obtemos apenas o direito de desfrutar da obra?
No mundo pré-informático, a resposta era simples. Éramos donos do produto e poderíamos fazer com ele o que bem entendêssemos. Ninguém poderia me censurar por picotar de um livro de minha propriedade as páginas de que não gosto, mesmo que isso, ao fim do processo, resulte numa deturpação do pensamento do autor.
Agora que as possibilidades de reproduzir obras e intervir sobre elas ficaram quase ilimitadas, a questão se torna mais complexa. Até que ponto é preciso respeitar direitos do autor e a própria integridade da obra?
Em 2005, os EUA baixaram uma lei que autoriza empresas a adquirir DVDs e deles retirar palavrões e "cenas fortes" para revendê-los a um público religioso que prefere não ver essas coisas. A "sanitização" pode ser feita à revelia do autor.
Se achamos que criadores podem reclamar, então defendemos uma noção menos forte de propriedade -e a Amazon também pode confiscar o livro irregular. Se enfatizamos a posse material, então eu poderia comprar a Mona Lisa e pintar-lhe bigodes ou destruí-la, privando toda a humanidade desse retrato. Parece cada vez mais difícil ser um liberal autêntico.

* Hélio Schwartsman, 44, é articulista da Folha. Bacharel em filosofia, publicou "Aquilae Titicans - O Segredo de Avicena - Uma Aventura no Afeganistão" em 2001. Escreve para a Folha Online às quintas.



quarta-feira, 1 de julho de 2009

Salada com Café: Episódio 7 - A Águia e os Patos

Poucos mas ilustres saladeiros!

Depois de pouquinho mais de 2 meses voltamos a escrever!

Poderia ficar justificando minha ausencia, o motivo disto e daquilo, mas ao invés de ficar escrevendo coisas sem sentido, me dedicarei a postar o pequenino texto de Gaudencio Torquato publicado hoje no site "Migalhas".

Abracos à todos!
____________________________________________________________________

Interpelando ato vil

A historinha é conhecida e, por ser muito boa, merece um repeteco.

Rui Barbosa, o Águia de Haia, chegava em casa, à noitinha, quando ouviu um barulho vindo do quintal. Chegando lá, viu um ladrão tentando levar seus patos de criação. Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o, ao tentar pular o muro com seus amados patos, passou-lhe um pito :

- Oh, bucéfalo anacrônico ! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares de minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica bem no alto da sua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à quinquagésima potência que o vulgo denomina nada.

E o ladrão, perplexo e confuso, com um fio de voz, perguntou :

- Doutor, eu levo ou deixo os patos ?

* Gaudêncio Torquato é jornalista, consultor de marketing institucional e político, consultor de comunicação organizacional, doutor, livre-docente e professor titular da Universidade de São Paulo e diretor-presidente da GT Marketing e Comunicação.